domingo, 29 de julho de 2012

Sybil – Flora Rheta Schreiber



Flora Rheta Schreiber
(1918-1988) Americana
A escolha desse livro ainda é um enigma para mim. Não sei o porquê de tê-lo comprado. A capa não me chamou a atenção, a autora me era completamente desconhecida, e o título não me dava muita informação. Ainda que o livro não tenha sido um rombo no meu orçamento, ele teve que ser escolhido, e o foi, dentre muitos outros. Não posso dizer que me arrependi. Dentre tudo que li, admito que o tema desse livro é bastante original, e eu estava precisando disso. O que deixa a desejar é a escrita da autora, que não é lá essas coisas. Me peguei pensando que se essa idéia tivesse antes, assaltado um expert como o Stephen King, então teríamos um clássico da literatura universal. Mas como a perfeição é só com Deus, sigamos...

Sybil é uma história baseada em fatos reais de uma mulher com personalidade múltipla. Até aí, nada de muito chocante, né? Mas o que você diria de 16 personalidades, cada uma completamente diferente da outra dentro de uma única pessoa? E se o período em que essas personalidades ‘atuassem’ representasse um branco total na memória? Como será ser pego desprevenido no meio da neve, em um local desconhecido com apenas um casaco fino, sem se lembrar de como se chegou lá? Esses são episódios comuns na vida de Sybil Isabel Dorsett, a personagem atormentada do livro, a qual a Dra. Wilbur, sua psicanalista tenta ajudar em um processo de reintegração das personalidades. E vou te contar, tentar fazer essa mulher virar uma só é quase um milagre. Portanto, garotos, parem de reclamar da sua ‘mulher de fases’, esse caso é way, way worse.

Mas como falei nem tudo são flores. A leitura do livro é bem similar a personagem: cheia de altos e baixos. Pessoalmente achei o início do livro bastante morno e o meio pedante. Mas de um modo geral, a trama é salva pela fascinação que o tema gera sobre a gente. Primeiro a gente fica preso à história por que quer entender como a dissociação se dá, depois fica curioso pelas suas causas e em terceiro queremos saber se a paciente conseguirá ou não se reintegrar. O mais curioso é que cada personalidade possui características muito próprias, psicologicamente, fisicamente, de faixa etária e até sexualidade. Algumas são raivosas, outras letárgicas, algumas são aventureiras e outras muito religiosas, outras são independentes e outras maternais, existem até mesmo duas personalidades masculinas: Sid e Mike. Ainda assim elas mantêm uma consonância com a personalidade principal, portanto elas não chegam a ser paradoxais. Elas são como representantes dos sentimentos diversos que uma pessoa normal pode conter: raiva, alegria, inveja, medo, coragem, etc e tal. Cada uma dessas personalidades está ligada a necessidade de expressão de Sybil, pois elas são responsáveis por externar os sentimentos que a personalidade atuante não é capaz. Ou seja, quando uma carga emocional é muito forte, uma dessas personalidades assume o controle da situação e lida com ele de acordo com o seu temperamento.

Obviamente que se a história fosse ficcional não seria tão atraente. E embora a literatura ficcional esteja presente na medida em que foi necessária para recriar situações e emoções da personagem, a verdade cientifica do tratamento foi mantida. Ler e compreender que o caso Sybil Dorsett foi real é muito louco. Senti apenas falta de uma história melhor escrita, e com certeza essa trama daria um ótimo roteiro para o cinema. Se eu recomendaria a leitura? Bem, depende....  eu diria que se você é interessado em psicologia e literatura: com certeza. E se você, como eu, é capaz de suportar o amargo para obter o doce, com certeza também! Se não for, tudo bem, pois existem tantos peixes no mar, quanto livros na livraria. Bon chance!



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